Como a natureza viva, o mundo estelar é extremamente diverso.
Foto: Hubble Heritage Team, D. Gouliermis (MPI Heidelberg) et al., (STSCI / Aura), ESA, Nasa.
Na vida, quase tudo parece depender das estrelas. Ou melhor, tudo em nossas vidas depende efetivamente de um desses corpos celestes: o Sol, nossa estrela central. Basta lembrar que a vida existe, porque existe a luz do Sol. Apesar disso, muitas vezes, imaginamos que as estrelas, sempre cantadas em prosa e versos, servem apenas para alimentar nossos sonhos. Conhecer como nascem, vivem e morrem as estrelas é conhecer como surge a luz, bem como tudo aquilo que dá origem e serve de sustentação à vida. Essas questões, portanto, ligam a natureza do universo às próprias raízes da gênese humana. Pensar o porquê da existência das estrelas está presente em todas as culturas, independentemente do credo, da época ou da geografia. As estrelas nascem e seguem uma evolução natural, a qual pode levá-las a passar por todas as fases de uma vida: do embrião, à infância e à adolescência até a idade adulta e a velhice, completando todo um ciclo evolutivo. Como na natureza viva, o mundo estelar é também composto de uma enorme diversidade. Sua evolução não é linear, e muitos eventos podem mudar radicalmente seu curso, como acontece na própria história da vida. O melhor dos vácuos O espaço entre as estrelas, o qual denominamos meio interestelar, não é vazio. Pelo contrário, esse meio – mesmo sendo muito mais rarefeito que o melhor vácuo já produzido em laboratório – é preenchido por gás e poeira. Essa matéria encontra-se em lugares específicos dentro das galáxias, as quais representam as estruturas unitárias básicas do universo. As galáxias, elas mesmas, são constituídas de bilhões de estrelas e de quantidades consideráveis de gás e poeira. O meio interestelar não é uniforme nem homogêneo, mas é bastante frio. Nesse meio, encontram-se as nuvens moleculares, compostas principalmente de hidrogênio molecular (H2), podendo conter também moléculas orgânicas à base de carbono. O tamanho dessas nuvens varia de dezenas a centenas de anos-luz, e suas massas se situam entre 100 mil e vários milhões de vezes à do Sol. Cada ano-luz, para se ter uma ideia, equivale a 9,5 trilhões de km. Embrião estelar As condições especiais que levam ao nascimento de uma estrela estão associadas a eventos externos às nuvens moleculares: i) a explosão de uma estrela nas vizinhanças de uma nuvem; ii) oscilações em larga escala na região onde a nuvem se encontra. Esses dois fenômenos podem provocar, no interior da nuvem, flutuações de densidade que irão se comportar como centros de atração gravitacional, passando a atrair a matéria circundante. Em torno desses centros atratores, a matéria irá se concentrar cada vez mais, fazendo a densidade aumentar consideravelmente. A essa altura, a massa do gás ali presente já representa um embrião de estrela, também chamado protoestrela, que irá começar seu desenvolvimento. Mas, como na natureza viva, nada indica, de forma absoluta, que dali nascerá uma estrela. Isso vai depender inicialmente do tamanho da massa condensada, a qual não pode ser nem muito grande, nem muito pequena. Os embriões estelares, agora já compactos e densos, continuam crescendo cada vez mais em massa, à medida que recebem mais e mais matéria das regiões em torno deles. A região central do embrião, seu núcleo, continua se contraindo devido à atração gravitacional, e a temperatura vai se elevando. Essa fase de contração continuará até o momento em que a matéria se torne tão densa e tão quente que reações nucleares envolvendo o hidrogênio possam ocorrer. José Renan de Medeiros Departamento de Física Teórica e Experimental, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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