Síndrome da bexiga hiperativa atinge duas vezes mais mulheres
Distúrbio pouco conhecido faz o portador urinar diversas vezes durante o dia
Carmen Azevêdo
Constrangedora, a síndrome da bexiga hiperativa atinge duas vezes mais mulheres do que homens. A enfermidade, pouco conhecida, faz com que muita gente levante várias vezes para ir ao banheiro durante a noite, deixe uma reunião às pressas porque não contém a vontade de urinar ou, pior, perca a capacidade de reter a urina. Uma pesquisa para mestrado realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/BA) revela que, das três mil pessoas pesquisadas, 10% das mulheres e 5% dos homens sofrem do problema, que atinge entre 50 e cem milhões de indivíduos em todo o mundo.
O estudo mostra ainda que mais de sete idas ao banheiro por dia podem ser um sintoma da síndrome. Neste caso, o indivíduo deve procurar orientação médica principalmente de urologistas especialistas na área. O levantamento esclarece ainda que, em bexigas consideradas normais, assim que o reservatório encontra-se repleto de líquido, o músculo se contrai e faz com que a pessoa sinta aos poucos mais vontade de ir ao banheiro.
“No caso da síndrome, antes mesmo de a bexiga encher, a pessoa sente muita vontade e é obrigada a abandonar atividades do dia-a-dia para ir correndo ao banheiro”, explica Raimundo Celestino Neves, mestre em biotecnologia, saúde e medicina investigativa. Ele é autor da tese de mestrado intitulada Prevalência e grau de desconforto de bexiga hiperativa numa área urbana no Brasil.
Um dos malefícios da síndrome é que ela pode afetar a qualidade de vida do portador. O pesquisador cita alguns dados da pesquisa, que envolveu 1500 homens e 1500 mulheres em Salvador desde 2006 e com conclusão prevista para 2010. Os dados apresentados referem-se ao primeiro ano de estudos. As informações revelam que 70% das mulheres entrevistadas e 64% dos homens acordam no mínimo uma vez por noite para urinar.
Durante o estudo, foi verificado ainda o alto grau de depressão e ansiedade causado pelo mal aos portadores da síndrome. “Isso porque eles precisam parar todas as atividades que estão fazendo para ir ao banheiro”. O resultado disso, continua, são faltas constantes ao trabalho, inclusive pelo receio da perda de urina. “Apesar de esse não ser o sintoma mais freqüente, é o mais incômodo e o que mais preocupa as pessoas”, emenda. Entre as mulheres entrevistadas que têm urgência de urinar, 46% tem incontinência urinária. Entre os homens, o percentual cai para 28%.
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Tratamentos são variados
Entre os fatores associados ao problema, explica o pesquisador, estão deslocamento do útero, e o período pós-gestação. Segundo ele, a passagem da criança pelo canal vaginal pode pressionar a bexiga e causar a síndrome. Tratamentos existem e podem levar à cura.
Terapias comportamentais podem ser adotadas, como uma menor ingestão de líquidos. Outra opção é o fortalecimento da musculatura da região da bexiga ou medicamentos que auxiliem o trabalho muscular. O tratamento varia de acordo com o paciente e com a avaliação do urologista. Cirurgias no reservatório também podem resolver curar a síndrome.
A diferença da bexiga hiperativa entre homens e mulheres é flagrante até os 59 anos. A partir dos 60, com o crescimento da próstata - que pode provocar pressão na bexiga -, o problema pode começar a ocorrer. Nesta idade, a prevalência da síndrome nas mulheres chega a 11,5% e nos homens, 10,6%.
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