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DANIELA TALAMONI
colaboração para a Folha de S.Paulo
DANIELA TALAMONI
colaboração para a Folha de S.Paulo
Nem a morte da modelo Mariana Bridi, no começo do ano, causada por uma cistite que evoluiu para uma sepse (infecção generalizada), fez com que a estudante Fernanda Strelow Fernandes, 25, interrompesse sua rotina de automedicação.
Havia ao menos cinco anos, Fernanda usava, por conta própria, um antibiótico sempre que sentia dor e ardência ao urinar. Assim como a mãe, a estudante tem cistite recorrente (mais de dois episódios por ano) e procurou um especialista só nas primeiras crises. Depois, acostumou-se a tomar remédio só pelo tempo necessário para aliviar o incômodo.
Repetiu a dose em janeiro, quando percebeu a chegada de uma nova infecção. Em março, estava na praia com amigos quando acordou com febre e dor no corpo, principalmente na altura dos rins. "Achei que era gripe. Como não melhorei e cheguei a vomitar de tanta dor, voltei para São Paulo e fui direto ao hospital", conta.
Os exames provaram que as bactérias que haviam causado a cistite -e que, com o diagnóstico e tratamento corretos, poderiam ter sido eliminadas em até cinco dias- resistiram e atingiram os rins. O problema evoluiu para uma pielonefrite, infecção urinária mais grave. No caso da cistite, a inflamação é só na bexiga. Daí para o micro-organismo cair na corrente sanguínea e provocar uma sepse seria uma questão de tempo.
"Lembrei-me do sofrimento da modelo e tive muito medo", diz ela, que só melhorou depois de uma semana no hospital e outra em casa, de repouso.
Há boas razões para a estudante ter ficado preocupada. Segundo a médica Flávia Machado, especialista em terapia intensiva e presidente do Ilas (Instituto Latinoamericano de Sepse), essa resposta inflamatória exacerbada à presença de uma infecção no organismo pode levar a disfunções orgânicas, à queda da pressão arterial (choque séptico) e à morte. "No Brasil, a sepse grave e o choque séptico matam 60% dos pacientes, o dobro do registrado em todo o mundo", alerta.
Há várias explicações para essa diferença. "Pode ser o atraso no diagnóstico, a má condução do tratamento e a escassez de vagas nas unidades de terapia intensiva", diz Machado.
A infecção urinária é a causa de 12% das sepses, segundo o Ilas. "Em se tratando de um problema de fácil solução, esse índice é alto", diz Flávia Machado, que orienta que o paciente com cistite fique atento a sinais de complicação, como persistência da febre e da redução da quantidade da urina, tontura e sonolência.
Havia ao menos cinco anos, Fernanda usava, por conta própria, um antibiótico sempre que sentia dor e ardência ao urinar. Assim como a mãe, a estudante tem cistite recorrente (mais de dois episódios por ano) e procurou um especialista só nas primeiras crises. Depois, acostumou-se a tomar remédio só pelo tempo necessário para aliviar o incômodo.
Repetiu a dose em janeiro, quando percebeu a chegada de uma nova infecção. Em março, estava na praia com amigos quando acordou com febre e dor no corpo, principalmente na altura dos rins. "Achei que era gripe. Como não melhorei e cheguei a vomitar de tanta dor, voltei para São Paulo e fui direto ao hospital", conta.
Os exames provaram que as bactérias que haviam causado a cistite -e que, com o diagnóstico e tratamento corretos, poderiam ter sido eliminadas em até cinco dias- resistiram e atingiram os rins. O problema evoluiu para uma pielonefrite, infecção urinária mais grave. No caso da cistite, a inflamação é só na bexiga. Daí para o micro-organismo cair na corrente sanguínea e provocar uma sepse seria uma questão de tempo.
"Lembrei-me do sofrimento da modelo e tive muito medo", diz ela, que só melhorou depois de uma semana no hospital e outra em casa, de repouso.
Há boas razões para a estudante ter ficado preocupada. Segundo a médica Flávia Machado, especialista em terapia intensiva e presidente do Ilas (Instituto Latinoamericano de Sepse), essa resposta inflamatória exacerbada à presença de uma infecção no organismo pode levar a disfunções orgânicas, à queda da pressão arterial (choque séptico) e à morte. "No Brasil, a sepse grave e o choque séptico matam 60% dos pacientes, o dobro do registrado em todo o mundo", alerta.
Há várias explicações para essa diferença. "Pode ser o atraso no diagnóstico, a má condução do tratamento e a escassez de vagas nas unidades de terapia intensiva", diz Machado.
A infecção urinária é a causa de 12% das sepses, segundo o Ilas. "Em se tratando de um problema de fácil solução, esse índice é alto", diz Flávia Machado, que orienta que o paciente com cistite fique atento a sinais de complicação, como persistência da febre e da redução da quantidade da urina, tontura e sonolência.
Mitos
A frequência com que a infecção urinária afeta as mulheres -50% delas terão ao menos um episódio ao longo da vida- deixou-a muito conhecida e também exposta a mitos, como o de acreditar que o mesmo remédio pode funcionar sempre.
Não há apenas um tipo de bactéria capaz de causar a cistite, apesar de mais de 80% dos casos estarem associados à Escherichia coli. Existem cistites mais raras, causadas inclusive por fungos, e até as assépticas, que não envolvem a presença de micro-organismos.
É por isso que toda infecção urinária deve ser avaliada pelo médico o quanto antes. "Por meio de dois exames, a urocultura e o antibiograma, é possível identificar que tipo de micro-organismo causou a infecção e a qual antibiótico ele é mais sensível", explica o urologista José Roberto Colombo Jr., do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Outro erro é achar que a cistite é um problema só feminino. De fato, a anatomia das mulheres e questões hormonais favorecem tanto a entrada de agentes nocivos quanto a sua proliferação. Mas há fatores de risco que independem do gênero, pois estão associados a maus hábitos, como não beber água ou adiar a ida ao banheiro quando a bexiga está cheia.
Certos problemas de saúde, como prisão de ventre, também podem predispor a essas infecções, observa José Carlos de Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
Nos homens, o canal da uretra está menos exposto à ação de micro-organismos, mas nem por isso fica livre de uma invasão. Segundo Colombo Jr., os episódios no sexo masculino ocorrem mais nos extremos da vida, quando são recém-nascidos e idosos -nesse caso, o aumento natural da próstata pode interferir na bexiga, fazendo com que não se elimine toda a urina, o que facilita o crescimento de bactérias.
Relação sexual
Mulheres devem prestar atenção especial à higiene íntima, por diversos motivos. Em primeiro lugar, a vagina é úmida, quente e, por isso, aconchegante para fungos e bactérias. Além disso, a região fica bem próxima ao ânus, e um descuido pode fazer com que um micro-organismo vá para a vagina via papel higiênico.
A relação sexual também contribui para o vaivém de micro-organismos. Não é à toa que há muitos casos de cistite na lua de mel. "Para evitar a infecção, recomendo que as mulheres tentem urinar antes e, principalmente, depois do ato sexual", ensina o urologista Colombo Jr., do HC.
A alteração do pH (o nível de acidez) ou da flora vaginal, que pode ocorrer tanto com o uso de espermicida quanto com a queda natural do estrogênio na menopausa, afeta a proteção natural das mulheres e também favorece a invasão de bactérias na região genital.
Até a gravidez é um fator de risco para a cistite: o crescimento do feto comprime a bexiga, o que reduz a capacidade de armazenar a urina. É por isso que a gestante precisa ir mais vezes ao banheiro.
Para completar, o aumento da circulação sanguínea na região pélvica da mulher grávida também deixa a vagina ainda mais úmida.
A frequência com que a infecção urinária afeta as mulheres -50% delas terão ao menos um episódio ao longo da vida- deixou-a muito conhecida e também exposta a mitos, como o de acreditar que o mesmo remédio pode funcionar sempre.
Não há apenas um tipo de bactéria capaz de causar a cistite, apesar de mais de 80% dos casos estarem associados à Escherichia coli. Existem cistites mais raras, causadas inclusive por fungos, e até as assépticas, que não envolvem a presença de micro-organismos.
É por isso que toda infecção urinária deve ser avaliada pelo médico o quanto antes. "Por meio de dois exames, a urocultura e o antibiograma, é possível identificar que tipo de micro-organismo causou a infecção e a qual antibiótico ele é mais sensível", explica o urologista José Roberto Colombo Jr., do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Outro erro é achar que a cistite é um problema só feminino. De fato, a anatomia das mulheres e questões hormonais favorecem tanto a entrada de agentes nocivos quanto a sua proliferação. Mas há fatores de risco que independem do gênero, pois estão associados a maus hábitos, como não beber água ou adiar a ida ao banheiro quando a bexiga está cheia.
Certos problemas de saúde, como prisão de ventre, também podem predispor a essas infecções, observa José Carlos de Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
Nos homens, o canal da uretra está menos exposto à ação de micro-organismos, mas nem por isso fica livre de uma invasão. Segundo Colombo Jr., os episódios no sexo masculino ocorrem mais nos extremos da vida, quando são recém-nascidos e idosos -nesse caso, o aumento natural da próstata pode interferir na bexiga, fazendo com que não se elimine toda a urina, o que facilita o crescimento de bactérias.
Relação sexual
Mulheres devem prestar atenção especial à higiene íntima, por diversos motivos. Em primeiro lugar, a vagina é úmida, quente e, por isso, aconchegante para fungos e bactérias. Além disso, a região fica bem próxima ao ânus, e um descuido pode fazer com que um micro-organismo vá para a vagina via papel higiênico.
A relação sexual também contribui para o vaivém de micro-organismos. Não é à toa que há muitos casos de cistite na lua de mel. "Para evitar a infecção, recomendo que as mulheres tentem urinar antes e, principalmente, depois do ato sexual", ensina o urologista Colombo Jr., do HC.
A alteração do pH (o nível de acidez) ou da flora vaginal, que pode ocorrer tanto com o uso de espermicida quanto com a queda natural do estrogênio na menopausa, afeta a proteção natural das mulheres e também favorece a invasão de bactérias na região genital.
Até a gravidez é um fator de risco para a cistite: o crescimento do feto comprime a bexiga, o que reduz a capacidade de armazenar a urina. É por isso que a gestante precisa ir mais vezes ao banheiro.
Para completar, o aumento da circulação sanguínea na região pélvica da mulher grávida também deixa a vagina ainda mais úmida.
(fonte Folha de São Paulo)
Muito boa a matéria! Sofro de cistite de repetição há pelo menos 2 anos. No entanto sempre q sentia dores tomava analgésicos das vias urinárias e bebia mt água. Morro de medo de tomar antibiótico sem indicação médica. Só q ao não fazer o tratamento correto, as bactérias subiram e tb tive pielonefrite. Uma sensação horrível! Isso foi em novembro do ano passado. Desde então já passei por nefrologistas e urologistas, mas não encontrei nenhum especializado em infecções do trato urinário. Estou na 3a cistite do ano, os médicos que me assistiram cuidaram especificamente daquela crise, nenhum fez acompanhamento para que as crises cessassem definitivamente. Portanto, gostaria de saber se há alguma indicação de especialista no Rio de Janeiro, pq não aguento mais viver assim.
ResponderExcluirPrezada Sheila, respondendo seu comentário, sugiro que você encaminhe um email para o médico urologista José Roberto Colombo Jr., do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo,que não deva ser difícil enconttar no site do Hospital e através dele você consiga a indicação para um Hospital no Rio em que você possa se tratar. Mas no Rio temos Hospitais Universitários (no Fundão) que talvez possa lhe auxiliar. Mas tente! Acredito que terás sucesso. Obrigada por comentar neste blog. Acesse-o sempre. Maria
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