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"Uma nova alternativa para a construção cívil - o chamado bloco ecológico - está prestes a chegar ao mercado. Trata-se de uma mistura de cascas de ostras, maricos e restos de obras, além de outros resíduos como pó de vidro e de porcelanato. A combinação inusitada resultou em um material de alta resistência que poderá substituir em até 50% o uso de cimento e areia nas construções urbanas. O projeto está sendo desenvolvido por Bernardes Batista, do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em parceria com a empesa Blocaus Pré-fabricados, do município de São José, na região metropolitana de Florianópolis.
O estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional de ostras e mariscos. A cada mês, estima-se que mais de 200 toneladas de cascas desses moluscos acabam no lixo, em terrenos baldios ou mesmo no mar. "O destino incerto desses resíduos pode contribuir para a profileração de doenças. Se lançados ao mar, agravam o problema do assoreamento", diz Batista. A preocupação com esses problemas estimulou a pesquisadora a desenvolver o bloco ecológico. Para obtenção da matéria-prima, foi feito um acordo entre a Blocaus e a prefeitura de São José: os caminhões que recolhem as cascas, antes levadas para aterros, hoje as despejam no pátio da indústria, onde serão reaproveitadas.
"Com 160 toneladas de cascas de ostras e mariscos, podemos fazer 40 mil blocos", calcula a engenheira. Isso equivale ao necessário para a construção de cerca de 20 casas, com 600 m2 cada.
Com a mesma quantidade, pode-se produzir também até 22 mil m2 de pisos. E a um preço menor. Cada unidade do bloco de concreto convencional custa cerxa de R$1,70 (dependendo das variações de tamanho e modelo). A unidade do novo bloco custará pouco mais de R$1,30 - uma economia de aproximadamente 20%.
Outro mérito do bloco ecológico é que ele requer menos areia e cimento em sua composição. A fabricação desses insumos é responsável hoje por 70% das emissões de CO2 no planeta. Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), cada tonelada de cimento produzida libera uma tonelada de CO2 na atmosfera. O bloco desenvolvido na Unisul é constituído por apenas metade do volume de areia e cimento usado em processo convencionais. "
Henrique Kugler - Especial para Cîência Hoje/PR
(Ciência Hoje - vol. 42 - nº 252 pág. 51 - setembro 2008)
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