Morte súbita não significa nada para a pessoa que morre. O significado é todo para os que ficam: família, amigos, colegas de trabalho e até mesmo inimigos. “Não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por você”. O inesperado da morte súbita atinge os que continuamos vivendo assim como um rasgo no véu da existência indefinida atrás do qual tentamos viver, se pudermos. Algumas vezes somos forçados a encarar a mortalidade de frente, como quando somos confrontados pela morte iminente por doença ou execução, mas não é o curso natural da vida.
A maior parte do tempo nós preferimos não pensar acerca da morte, nem acerca da cessação definitiva dos nossos amanhãs. Ao contrário, planejamos fazer planos, falar sobre a próxima semana, mês ou ano, como se estes futuros nos pertencessem sem dúvidas. Quando um amigo morre subitamente o que se vê é uma miríade de planos subitamente abortados. Há a perda do encontro para almoçar, as férias na primavera, o pagamento do carro novo e assim por diante. Há planos para o próximo ano e agora não há mais o próximo ano. Todos os compromissos e preocupações não são mais preocupação do morto. Ou se transformam em preocupações de outros ou simplesmente desaparecem.
Assim sentimos quando alguém que conhecemos morre subitamente. Um dia a pessoa está lá cheia de vida e em seguida completamente ausente, exceto pelas lembranças. Não há substituição para o morto apenas lacunas na vida de alguns para quem era amigo, amante e família.
Há alguma coisa a aprender da morte inesperada de um amigo? O primeiro é perceber quão frágil é a vida humana. Embora sejamos fortes, nossas vidas podem ser rompidas em milhões de diferentes formas. Este pensamento nos dá urgência para viver cada dia plenamente, usufruindo a vida com todos os seus altos e baixos. Nos lembra que não devemos adiar o que podemos fazer hoje. Nos ensina a não ser muito ansioso com o futuro próximo ou distante. A morte súbita nos mostra quão louco é se aborrecer com qualquer pequeno obstáculo e acidentes que viver nos causa. Qualquer coisa que se coloque como óbice para vivermos bem, com verve e inteligência, deve ser evitada. Morte súbita nos faz pensar sobre o que é necessário para nossas vidas e encobre as preocupações superficiais que nos impedem de viver bem. É o último presente para nós de quem se foi subitamente.
Por ocasião do falecimento do ex-diretor-superintendente do FioPrev Dalton Mario Hamilton, reproduzimos, a seguir, uma reflexão do diretor de Assistência do FioPrev, João Barbosa, amigo pessoal de Mario Hamilton.
(Direito autoral João Barbosa)
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