O TRATAMENTO das alergias respiratórias avançou muito nos últimos anos. Mesmo assim, a mortalidade por asma - o quadro que reúne os sintomas mais agudos desse mal - continua crescendo no mundo. Só no Brasil, ela mata seis pessoas por dia. Uma pesquisa patrocinada pela Organização Mundial de Alergia mostra que uma das causas desse aumento é a falha na comunicação entre médicos e pacientes. Sem ter consciência da gravidade do problema e de como se tratar,o paciente acaba vivendo em meio a crises, melhoras e recaídas. Uma pesquisa feita em 11 países da América Latina, entre eles o Brasil, publicada na revista SALUD PUBLICA, da Organização Panamericana da Saúde, aponta o resultado dessa situação: 97,6% das pessoas que sofrem de alergias respiratórias, com sintomas de asma, lidam de forma incorreta com a doença."É comum a prática de correr ao pronto-socorro só na hora da crise", afirma o pediatra Bernardo Kiertsman, presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira de Asmáticos (Abra). "É como se a casa estivesse pegando fogo e você se limitasse a apagar o incêndio, sem consertar o cano de gás que furou." Segundo o médico, a asma deve ser tratada quando o paciente está bem, para que continue assim. Isso quer dizer que o enfoque atual é a prevenção. Ela requer uso diário de antiinflamatórios, cuidados ambientais para manter o alérgico longe de substâncias irritantes e vacinas.Aqui, especialistas respondem dúvidas sobre o tema.
Asma, bronquite e rinite são a mesma coisa?
"Muitos ainda acreditam que bronquite é diferente da asma. Não é", diz Kiertsman. Trata-se da inflamação crônica dos brônquios, que estreita a passagem de ar e dificulta a respiração. Os sintomas são tosse seca, chiado no peito, sufocamento e falta de ar. Já a rinite se caracteriza pela inflamação das vias aéreas superiores, que provoca espirros intermináveis, coceira e obstrução nasal, além de dor de cabeça. Ambas eram tratadas como problemas alérgicos distintos. Hoje, os cientistas dizem que são manifestações diferentes de uma doença respiratória. A conclusão surgiu depois da constatação de que 80% dos asmáticos apresentam rinite e um terço dos que têm diagnóstico de rinite sofre de asma. Verificou-se, ainda, que a piora de um quadro exacerba os sintomas do outro. "O tratamento simultâneo possibilita contornar as crises", informa o alergista Fábio Morato Castro, supervisor do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Por que a incidência das alergias respiratórias está aumentando?
Cerca de 10% da população do país apresenta sintomas de asma e quase 30% de rinite. Estima-se que até o fim deste século metade dos brasileiros sofra com esse e com outros tipos de alergia. O aumento é observado mais na cidade do que no campo, o que levou os cientistas a propor a teoria da higiene. Mário Geller, porta-voz no Brasil do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia, explica: "As pessoas vivem em ambientes esterilizados e consomem alimentos pasteurizados. Com isso, são menos expostas a vírus, bactérias e outros agressores. Já que o ambiente não estimula suas defesas, seu sistema imunológico, por uma predisposição genética, acaba se voltando contra substâncias inertes como pó, mofo". De acordo com Geller, co-autor do livro ALERGIA, ALEGRIA, também contribuem para o aumento o uso abusivo de antibióticos e a poluição: quem vive às margens de rodovias apresenta mais respostas alérgicas.
A pele costuma ser afetada?
Sim. Freqüentemente, o paciente com asma e rinite sofre também de dermatite atópica, uma inflamação da pele caracterizada pela presença de erupções, ressecamento e coceira. "Em cada época, uma das manifestações alérgicas se sobressai, o que reforça a suspeita de uma origem genética comum entre elas", afirma o alergista Fábio Morato Castro. Cientistas da Universidade de Dundee, na Escócia, localizaram um gene que parece ser o responsável pela relação entre os sintomas. "A descoberta pode levar a alergia a ser tratada, no futuro, por meio de terapia gênica: o gene defeituoso seria modificado antes de produzir estragos", prevê o especialista.
O stress provoca a doença?
Para Mário Geller, ele não é considerado a causa da alergia, mas pode desencadear o quadro em quem for geneticamente predisposto ou acentuar as crises. "Sob efeito do stress, nossas principais células de defesa, os linfócitos, ficam anestesiadas. A pessoa adoece muito mais, contrai gripes e resfriados - viroses respiratórias -, que são os principais responsáveis pela piora da asma", diz o médico.
Por que o tratamento mudou?
O que mudou foi o enfoque. Nas manifestações agudas ainda são seguidas as recomendações tradicionais. Nas crises de asma, por exemplo, devem ser adotados as bombinhas com broncodilatadores, que facilitam a passagem do ar, antiinflamatórios ou cortisona oral ou inalável. Nos ataques de rinite, os médicos continuam indicando os anti-histamínicos orais e sprays nasais de corticóide. Quando os sintomas são simultâneos, existe a opção de utilizar antileucotrienos, substâncias que agem do nariz até os alvéolos pulmonares. No entanto, o que a medicina enfatiza hoje é a prevenção à base de corticóides inalatórios (administrados sob a forma de spray, inalação ou pó, duas vezes por dia) ou do novo anti-Ige, remédio injetável aplicado até duas vezes por mês, quase sem efeitos colaterais, mas de custo elevado.
A bombinha de alívio pode ser utilizada várias vezes por dia?
Sim, desde que o paciente com asma receba orientação médica. É necessário identificar o momento em que a bombinha não proporciona melhora. Nesse caso, o recurso é o atendimento de urgência. "O perigo é adiar a ida ao pronto-socorro e chegar lá quando a insuficiência respiratória não pode mais ser revertida", alerta Bernardo Kiertsman. Muitos subestimam a asma. A pesquisa da Organização Mundial da Alergia mostrou que 54% dos pacientes não reconhecem que ela pode ser fatal. Com o tratamento preventivo, no entanto, o uso da bombinha tende a ser eventual.
O uso contínuo de corticóides é perigoso?
Pais de crianças alérgicas, em geral, acreditam que o corticóide prejudica o desenvolvimento. A preocupação não se justifica. A doença, diz Kiertsman, causa mais danos do que o remédio. Os efeitos colaterais atribuídos ao uso prolongado de corticóides por via oral, como ganho de peso, aumento da pressão arterial, fraqueza muscular, vermelhidão no rosto e alterações estomacais, não são observados quando eles são administrados por via inalatória. "Como o medicamento age diretamente nos brônquios, as doses chegam a ser 100 vezes menores", informa o médico. Mas é preciso aprender a usar o inalatório: "Não se pode engolir, só aspirar".
Por que os cuidados ambientais são importantes?
Além dos remédios e das vacinas, o controle ambiental faz parte do tratamento preventivo. O maior inimigo dos alérgicos, o ácaro, um carrapato microscópico, está presente no pó domiciliar, que precisa ser removido. Fábio Castro sugere medidas como evitar objetos que acumulem poeira no quarto (cortinas, almofadas, bichos de pelúcia, livros), deixar o sol entrar e limpar móveis e pisos frios com pano úmido.
Imunoterapia funciona?
Sim. A aplicação mensal da vacina, em concentrações crescentes, estimula a adaptação do organismo ao que o agride. Preparada de forma adequada e utilizada ao longo de três anos, a vacina pode apresentar 80% de eficácia.
Grávida tem que abandonar o tratamento?
Não. "Se não for controlada, a asma grave pode prejudicar a oxigenação do feto e colocar em risco a vida do bebê e da mãe", informa Geller. Uma equipe canadense analisou os registros de 13 980 crianças e os comparou à história médica das mães. A conclusão foi que as asmáticas estavam mais sujeitas a ter bebês prematuros e de baixo peso. Segundo Geller, durante a gestação, um terço das alergias respiratórias melhora, um terço piora e o restante permanece inalterado. Mulheres que tiveram a doença na infância e passaram a vida adulta sem sintomas podem voltar a manifestá- los. Quanto ao parto, não se indica cesariana por causa da asma: as crises durante o processo são raras.
Homeopatia e terapias alternativas dão resultado?
Recentemente, a revista científica LANCET equiparou os resultados obtidos com a homeopatia aos do placebo (substância inerte). Quanto à fitoterapia, alguns médicos a vêem com ressalvas mesmo com a aprovação, neste ano, do primeiro produto fitoterápico contra rinite. À base de extrato de Petasites hybridus, apresentaria a vantagem de não causar sonolência, como boa parte dos anti-histamínicos. "Considero prematuro indicar", diz Castro. "O fato de ter sido aprovado não significa que funcione bem." Sobre a acupuntura, Mário Geller afirma que ela também não revelou benefícios em relação à asma. "Seria ótimo se houvesse outras soluções. Mas, por enquanto, não existe, e pessoas morrem por falta de tratamento agressivo."
UM CASO BEM-SUCEDIDO
Tive a a primeira crise de asma aos 3 anos. Meus pais tentaram de tudo: inalações, xaropes, bombinhas, receitas naturais... Muitas vezes fui parar no hospital. A doença não cedeu na adolescência, se manifestava sobretudo na pele. Já adulta, morei em Brasília, onde o clima é muito seco, e a asma piorou, usava bombinha várias vezes por dia. Procurei um especialista em alergias e adotei vacinas e remédios de efeito preventivo. Os ataques diminuíram. Nunca mais precisei correr para o hospital. Deixei de fazer inalação. Ainda recorria a vacinas e remédio quando engravidei. Preocupada com os efeitos sobre o bebê, a obstetra contatou o alergista e os dois estabeleceram uma parceria. Passei a aspirar um corticóide em pó, que vai até os brônquios. Faço um gargarejo para retirar os resíduos, assim o organismo não absorve nada. Trabalhei a gravidez inteira, sem crises, e meu filho nasceu saudável.
JULIEDA PUIG PEREIRA PAES, 37 ANOS, ECONOMISTA
matéria publicada em Claudia http://claudia.abril.uol.com.br/materias/2256/?pagina3&sh=33&cnl=43&sc=
O ar das grandes metrópoles não ajuda quem tem problemas respiratórios como asma, bronquite ou sinusite entre vários outros. Vírus, fungos e ácaros entram pelas vias respiratórias e afetam a saúde humana principalmente crianças, idosos, gestantes, hipertensos e cardíacos. Procure colocar um purificador de ar em casa, particularmente no quarto e verá como poderá respirar melhor a noite. Mas tem que ser um bom purificador de verdade, se tiver o filtro HEPA melhor.
ResponderExcluirSe precisar de mais informações me contate.
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