14/06/2010
Qual o valor de um bem na
hora da morte?
Walter Barbosa
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Passamos a vida inteira identificados com nossos bens e conquistas, nisso colocando a responsabilidade de nos fazer felizes. É algo compreensível, apesar do engano aí existente, porque estamos identificados com o ego (o falso “eu”), e para ele o sentido de acumulação - parecendo garantir segurança e continuidade - é fundamental. Porém, na iminência de deixar a vida física, qual a importância disso?
Eckhart Tolle, na obra “O despertar de uma nova consciência”, narra a história de uma mulher cujo corpo estava tomado pelo câncer. Ele era seu conselheiro espiritual e, numa das visitas que lhe fez, encontrou-a num estado de grande aflição e raiva. Tolle diz: “Perguntei o que havia acontecido. Seu anel de diamante, de grande valor monetário e sentimental, havia desaparecido. Ela estava certa de que fora furtado pela acompanhante que cuidava dela por algumas horas todos os dias. Disse que não entendia como alguém conseguia ser tão insensível e desumano para fazer isso com ela. Depois me perguntou se devia interrogar a mulher ou se seria melhor chamar a polícia imediatamente. Respondi que não podia lhe dizer como agir, mas pedi que descobrisse até que ponto um anel ou qualquer outra coisa era importante àquela altura da sua vida. - Você não entende - ela afirmou. - Esse era o anel de minha avó. Eu o usava todos os dias e só parei porque fiquei doente e minhas mãos começaram a inchar. É mais do que um simples anel para mim. Como posso não ficar aborrecida?” Percebendo pela rapidez da resposta que ela ainda não se tornara “presente” o suficiente para olhar para dentro, e que “o ego ainda falava por seu intermédio”, Tolle propôs: “Vou lhe fazer algumas perguntas, mas, em vez de me dizer algo agora, veja se consegue encontrar as respostas dentro de você. Farei uma pausa depois de cada uma delas. Quando surgir uma resposta, talvez ela não venha necessariamente na forma de palavras. - Estou pronta para escutar - disse ela. - Você compreende que terá que abandonar o anel em algum momento, talvez brevemente? De quanto tempo mais você precisa antes de estar pronta para se desvencilhar desse apego? Você vai se sentir inferior quando isso acontecer? A pessoa que você é se tornou diminuída pela perda? Houve alguns minutos de silêncio depois da última indagação. Quando a mulher retomou a palavra, havia um sorriso no seu rosto, e ela parecia em paz. - A última pergunta me fez compreender algo importante. Primeiro, procurei uma resposta nos meus pensamentos e eles foram: ‘Sim, é claro que você foi diminuída’. Depois, fiz a pergunta de novo a mim mesma: ‘A pessoa que eu sou se tornou inferior?’ Dessa vez, em lugar de pensar na resposta, tentei sentir. E de repente senti o Ser. Isso nunca havia acontecido comigo antes. Se posso sentir o Ser tão fortemente, então o que sou não foi diminuído em nada”. Tolle explicou-lhe então que aquela era a “a alegria do Ser”, algo que só podemos sentir quando nos desligamos de nossa cabeça. “O Ser deve ser sentido. Não pode ser pensado. O ego não o conhece porque ele se compõe apenas de pensamento”. Ela disse: “Agora compreendo uma frase de Jesus que antes não fazia sentido para mim: E, ao que te tirar a capa, não impeças de levar a túnica também”. Na medida em que seu corpo ficava mais fraco, ela ficava mais radiante, “como se uma luz brilhasse através dela”. Doou a maioria dos bens, inclusive para a pessoa a quem atribuíra o furto do anel. E “toda vez que ela doava algo, sua alegria aumentava”. Quando ela morreu, sua mãe ligou para Tolle informando que o anel fora encontrado no armário do banheiro. Afinal, ele não se perdera. Mas a aceitação da perda - gerando libertação, desapego - deu à sua “proprietária em trânsito” o maior presente desta vida: autoconsciência, a percepção do Ser, cuja natureza é imune a perdas, pois ele “É”. Walter Barbosa, membro da SOCIEDADE TEOSÓFICA |
Instituto Nina Rosa - Projetos por amor à vida
GOSTARIA QUE PODESSE SEMPRE MANDA ALGO PRO MEU E-MAIL SOU DE ALAGOAS GIRAU DO PONCIANO..ME CHAMO FERNANDA E MEU E-MAIL É nandachicgata@hotmail.com
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