Há quem acelere diante de um cão que atravessa a rua. E há quem pare, estacione e se aproxime para retirar da estrada o animal morto, quem sabe para proteger o intangível daquele ser, a dignidade que o motorista da frente desconsiderou, ou a integridade do corpo que, se não pertence mais a vida, é alimento exclusivo da terra, na lenta deglutição que devolve ao berço.
Tirar do asfalto um cão sem vida, recolher outro da estimação consumista de alguém, que não durou o suficiente para impedir o abandono quando as feições de filhote viraram estorvo de jovem desengonçado. O cão pele e osso encontrado na Freeway, por onde cruzam velozes os carros lotados de malas, bicicletas, pranchas e lanches, nenhuma migalha de olhar para o lado.
A Sociedade Amigos dos Animais (Soama) está completando 10 anos. Uma entidade assim só perdura porque é feita de gente que olha e vê, que pára, toma atitudes. Gente assim, muitas vezes é chata, porque reclama, porque aponta inconformada, para as cenas que seria melhor não ver. Gente que não 'só ama', como faz a guerra necessária.
Para lutar por cães e gatos sem abrigo, os voluntários doam o que não temos: tempo. E sujeitam-se ao que não queremos: críticas, vaidades, dúvidas, dívidas, relações humanas- tão mais complicadas que a linguagem de um vira-lata, todo afeição na transparência dos olhos.
Há aqueles para os quais um animal significa sujeira em casa, transtornos, alergia. E há os que colocam o gato para esquentar a cama do filho. Crianças assim, a ciência já comprovou, crescem mais resistentes. E não é preciso comprovação alguma para perceber, também se tornam mais seguras, afetivas, responsáveis.
Há os que proferem discursos, elegem prioridades. E há os que desenvolvem alergia à dor alheia, seja de animal ou de gente. Alergia à indiferença.
Um bicho de estimação pode ser de grande valia nesses tempos de infância roubada pela insegurança nas ruas; pela solidão, pela tevê, pelo computador e os games dentro de casa. Mas não pare tudo para ir à loja hoje mesmo: entre os mais de mil abrigados pela Soama, o seu está lá. A adoção, diferentemente da compra, não se faz verificando a etiqueta, o exotismo do pêlo, a cor dos olhos. São os animais que nos escolhem. Uma afinidade se estabelece no encontro. Mais fortes, porque a adversidade e a miscigenação adaptam os sobreviventes, os vira-latas nos adotam para nos ensinar o afeto não-descartável.
A Sociedade Amigos dos Animais (Soama) está completando 10 anos. Uma entidade assim só perdura porque é feita de gente que olha e vê, que pára, toma atitudes. Gente assim, muitas vezes é chata, porque reclama, porque aponta inconformada, para as cenas que seria melhor não ver. Gente que não 'só ama', como faz a guerra necessária.
Para lutar por cães e gatos sem abrigo, os voluntários doam o que não temos: tempo. E sujeitam-se ao que não queremos: críticas, vaidades, dúvidas, dívidas, relações humanas- tão mais complicadas que a linguagem de um vira-lata, todo afeição na transparência dos olhos.
Há aqueles para os quais um animal significa sujeira em casa, transtornos, alergia. E há os que colocam o gato para esquentar a cama do filho. Crianças assim, a ciência já comprovou, crescem mais resistentes. E não é preciso comprovação alguma para perceber, também se tornam mais seguras, afetivas, responsáveis.
Há os que proferem discursos, elegem prioridades. E há os que desenvolvem alergia à dor alheia, seja de animal ou de gente. Alergia à indiferença.
Um bicho de estimação pode ser de grande valia nesses tempos de infância roubada pela insegurança nas ruas; pela solidão, pela tevê, pelo computador e os games dentro de casa. Mas não pare tudo para ir à loja hoje mesmo: entre os mais de mil abrigados pela Soama, o seu está lá. A adoção, diferentemente da compra, não se faz verificando a etiqueta, o exotismo do pêlo, a cor dos olhos. São os animais que nos escolhem. Uma afinidade se estabelece no encontro. Mais fortes, porque a adversidade e a miscigenação adaptam os sobreviventes, os vira-latas nos adotam para nos ensinar o afeto não-descartável.
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