O mal de Alzheimer é uma doença degenerativa e progressiva que atinge o sistema nervoso central do indivíduo, o que prejudica as funções intelectuais do cérebro, como a memória, o comportamento e a linguagem. Devido a esse efeito, o portador da enfermidade passa a necessitar de alguém que o auxilie em suas atividades diárias. Pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina, ao perceberem que o ato de cuidar é uma tarefa árdua e que suas consequências são comumente negligenciadas, resolveram construir um perfil desse cuidador, figura indispensável para o doente com Alzheimer, e avaliar o peso que essa atividade impõe em sua vida. Os resultados da pesquisa estão em artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.
“Em países desenvolvidos, os cuidadores são extremamente importantes e uma rede pública e privada tem sido criada para ajudar a manter as pessoas de idade perto de suas famílias”, comentam os autores no artigo. “No Brasil, a responsabilidade cai exclusivamente sobre a família do paciente, que não pode contar com um suporte efetivo do serviço público, enquanto o setor privado é caro e disponível para poucos”, completam.
A pesquisa foi realizada com base em entrevistas com 122 cuidadores de doentes com mal de Alzheimer moradores do município de Londrina (PR). Segundo os pesquisadores, essa é a maior amostra em um estudo sobre cuidadores já reportada no Brasil para esse tipo específico de doença mental. Os resultados apontaram que a atividade apresenta impacto elevado na vida física, emocional, social e financeira dos cuidadores, que são, predominantemente, mulheres com menos de 60 anos, filhas dos pacientes, casadas, que aprenderam o cuidado no dia-a-dia sem nenhuma ajuda e exercem essa função de supervisão por afeto. Os pesquisadores ainda afirmam que um maior impacto também foi observado em indivíduos que cuidam de pacientes dependentes deles para atividades instrumentais, como usar o telefone, fazer compras, realizar as tarefas domésticas e necessidades básicas, como tomar banho e se vestir.
“O fornecimento de uma estrutura assistencial para cuidadores ainda está em falta no Brasil e, por essa razão, a atenção dada à família dessas pessoas precisa ser reavaliada pelo sistema de saúde”, explicam os pesquisadores. “Apoiar os cuidadores através de encontros, palestras e visitas a domicílio com a ajuda de um time de profissionais pode contribuir para o planejamento e a implementação de atividades para os pacientes, encorajando os cuidadores a aceitar as limitações e pedir por ajuda, promovendo a troca de experiências entre eles e o crescimento mútuo”, recomendam.
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2881&sid=9
Fonte: Agência FIOCRUZ de Noticias
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