Por Redação - do Rio de Janeiro
O boto-cinza ingere animais que já têm no organismo acúmulo de mercúrio O boto-cinza mostrou que os níveis de contaminação por mercúrio verificados no litoral de Saquarema até Barra de Itabapoana são superiores aos da costa do Amapá.
O projeto "O boto-cinza como sentinela da saúde dos ambientes costeiros: estudo das concentrações de mercúrio no estuário amazônico e costa norte do Rio de Janeiro", da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, mostra que o boto é um indicador natural do nível de mercúrio presente no ambiente aquático, por acumular esse metal tóxico nos seus tecidos.
O boto-cinza acumula em seu organismo mais substâncias contaminantes presentes nas águas do que outras espécies que habitam o mesmo ecossistema.
Encontrada desde Santa Catarina até a América Centra, a espécie é da família dos Delfinídeos e está no topo da cadeia alimentar. O boto-cinza ingere animais que já têm no organismo um acúmulo prévio de mercúrio e de pesticidas organoclorados.
Por mais que na água os níveis de mercúrio sejam reduzidos, o metal se concentra mais nos animais do topo da cadeia trófica.
O mercúrio também representa um risco à saúde humana. Em mulheres grávidas, o metal atravessa a placenta e pode até causar danos hepáticos e neurológicos ao feto. Jailson alerta para o perigo de se consumir peixes que estão no topo da cadeia alimentar e, consequentemente, acumulam mais mercúrio:
O boto-cinza habita estritamente em regiões costeiras e não vive em águas profundas, apenas em áreas de até 50 metros de profundidade. Ele não realiza grandes migrações durante sua vida, de modo que sua saúde está associada às condições do ambiente em que vive.
Essas peculiaridades da espécie permitem conhecer melhor os efeitos da ação poluidora do homem no ecossistema costeiro.
A pesquisa avaliou, durante três meses, 20 amostras de músculos de botos-cinzas que habitavam a costa marítima fluminense - de Saquarema até Barra de Itabapoana - e 27 amostras de animais provenientes do litoral do Amapá, que viviam no estuário do Rio Amazonas.
O resultado mostrou que o nível de mercúrio encontrado nos tecidos musculares dos botos-cinzas da Amazônia foi bem menor do que o encontrado nos animais da costa fluminense.
Nos mamíferos coletados no Amapá, o teor de mercúrio variou de 0,07 a 0,79 micrograma por grama (µg/g) de músculo, em peso úmido, com média de 0,38 µg/g. Já nos animais do Rio de Janeiro, a variação foi de 0,2 a 1,66 µg/g, com média de 1,07 µg/g.
A poluição do trecho da costa fluminense estudado ocorre principalmente devido à influência do Rio Paraíba do Sul, que lança no mar dejetos industriais e agrícolas.
Apesar dos níveis de contaminação por mercúrio verificados no litoral de Saquarema até Barra de Itabapoana serem superiores àqueles observados na costa do Amapá, os valores encontrados na costa fluminense ainda não estão entre os piores do mundo.
Níveis alarmantes já foram apresentados em alguns países da Ásia e da Europa.
http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=152851
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