Cinco crianças morreram de fome este ano nas aldeias Bororó e Jaguapiru, em Dourados (MS). Tinham entre 1 mês e 2 anos e estavam muito abaixo do peso. Os atestados de óbito, que apontam a desnutrição como causa, acompanhada de desidratação, infecção intestinal ou insuficiência renal, foram assinados entre 24 de janeiro e 26 de abril. Sinal de que o pólo indígena continua refém da subalimentação, que em 2005 matou 14 indiozinhos e virou escândalo nacional. Na época, o governo federal despachou para lá uma equipe de técnicos encabeçada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; a Câmara dos Deputados mandou uma comissão para apurar; a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) distribuiu megadoses de vitamina A e cestas básicas. Como resultado desse esforço, no ano seguinte apenas um bebê índio morreu de desnutrição. O retorno desse fantasma ao povo guarani, dos grupos caiová e nhandeva, demonstra que o problema é mais grave e exige ações muito além da pirotecnia.
A vida nas aldeias Bororó e Jaguapiru, uma colada na outra, começa antes das 6 horas. Quem tem carroça carrega o pouco do milho e da mandioca que plantou para vender em Dourados, a 8 quilômetros, seguindo pela rodovia MS-156. Índio que não tem produção também vai para tentar um bico de pedreiro ou de doméstica. O comércio local não emprega índios. Alguns trabalham como agentes de saúde ou professores - mas só na área indígena. Outra categoria, a dos que cortam cana para as 11 usinas de álcool do entorno, recebe do agenciador 150 reais de adiantamento - é o que fica com a família, enquanto o chefe cumpre, longe de casa, o contrato que lhe renderá 2,57 reais a tonelada cortada ou, em média, 470 reais por mês. São essas as maneiras de ganhar dinheiro por ali, embora mais de 60% dos adultos não se enquadrem em nenhum desses expedientes e vivam na miséria.
(matéria publicada na Claudia) - http://claudia.abril.com.br/edicoes/550/fechado/atualidades_gente/conteudo_238129.shtml
Cadê as verbas destinadas a proteção dos índios?
Sued.
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